Vida
Descruzo os dedos
os versos, o olhar
invento um acorde
percorro caminhos
linhas, rugas, vincos
os versos, o olhar
invento um acorde
percorro caminhos
linhas, rugas, vincos
toco os poros
mais expostos
colho os sonhos
mais ativos
mais expostos
colho os sonhos
mais ativos
acordo o vento
destampo o tempo
circulo o infinito
destampo o tempo
circulo o infinito
foram-se os muros
tiro a máscara
cá estamos, livres
...e menos sozinhos
cá estamos, livres
...e menos sozinhos
saudade...
Eros és minha verdade!
Eros és minha verdade!
Carmen Silvia Presotto
Hilda Hilst
Creio nos sinais que o Universo aciona em nossa direção. Na noite do dia 10 eu publiquei este poema de Hilda Hilst no meu Facebook. O poema abaixo brilha como uma mensagem agora que ela (Carmen) não vive mais aqui. Como se o Universo já alertasse o desejo (dela) e certamente do próprio Universo. Devemos procurar os que amamos no que espelha a vida deles. Esta pequena sincronia que me faz ver tudo mais claro ora que passa aquele momento que doeu muito: a notícia da morte da Carmen. E o último poema que ela colocou e este que eu coloquei antes de saber de sua partida é como um notícia. Aquilo que - quiçá - ela nos diria. Um canto à vida...
Não me procures ali
onde os vivos visitam
os chamados mortos.
Procura-me
dentro das grandes águas
nas praças
num fogo coração
entre cavalos, cães,
nos arrozais, no arroio
Ou junto aos pássaros
ou espelhada
num outro alguém,
subindo um duro caminho.
onde os vivos visitam
os chamados mortos.
Procura-me
dentro das grandes águas
nas praças
num fogo coração
entre cavalos, cães,
nos arrozais, no arroio
Ou junto aos pássaros
ou espelhada
num outro alguém,
subindo um duro caminho.
Pedra, semente, sal
passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.
passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.