Tuesday, September 04, 2012

Volva

Serviço:


Exposição: Volva de Andrea Nardi, Eleonora Gomes, Lourdes Duarte, Milena Costa e Raquel Camacho.
Abertura: 17.08. 2012 às 19h
Exposição até dia 23 de setembro de 2012
Local: Museu Alfredo Andersen
Rua Mateus Leme, 336
Curitiba/Pr.
http://grupoovo.blogspot.com.br/


O Grupo Ovo tem como uma de suas principais inquietações o universo feminino: os mistérios de seu corpo e da sua subjetividade. E nada é mais instigante para uma pesquisa estética, do que o rito de passagem representado pelo nascimento.
Volver ao local de origem da vida, a experiência única de nadar no líquido amniótico, sentir-se aconchegado, e finalmente vir para a luz, é o convite para essa viagem inusitada que nos fazem as artistas Andrea Nardi, Eleonora Gomes, Lourdes Duarte, Milena Costa e Raquel Camacho. (Izabel Liviski) -
Ler o texto completo sobre esta exposição no site Contemporartes no link abaixo. Fragmento do meu poema - Cigarras no Apocalipse - integra este projeto, evidenciando outro nascimento - o nascimento do poeta... Até dia 23 de setembro no Museu Alfredo Andersen. Vamos lá!
 

Monday, September 03, 2012

05/09 - Dia da Amazônia







Decreto:
Proibido derrubar
qualquer árvore

(exceto para
construir
berços
e violinos)

Bárbara Lia
in Tem tem pássaro cantando dentro de mim (2011)


Greenpeace:
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/

O ritmo da prosa



Saudades da mulher ávida que se sentava nas platéias e bebia com ansiedade cada palavra dos seus autores mais amados. Lembro de ouvir Ana Miranda dizer que ficou nove anos pesquisando, sem sair com amigos, sem vida social, debruçada em documentos e encerrada em Bibliotecas na pesquisa que propiciou aquela obra maravilhosa - Boca do Inferno. Eu estava encantada com o livro, com a autora que estava em minha cidade. Recordo estes dias como o bálsamo primeiro, o sopro, a poesia. Eu buscava os ícones para me espelhar em seus caminhos. O mundo virtual onde todos caimos torna quase uma lenda esta mulher (Ana) em um lugar, desconectada do mundo, cobrindo a mesa e a cama com toda a papelada que vai engendrar uma história magnífica. Insisto. Por pura teimosia de virginiana e guerreira - Insisto. Por isto, eu calo meu blog, não estou presente em tanto alarde que permeia as redes, fico aqui nesta trincheira do ontem, cultivando um enredo, pois eu ainda sou a menina de doze anos a voar nos verões de ouro no balanço rústico da casa feliz, compondo aquela certeza de que um dia seria escritora. Sinto saudades de ouvir algo que espelhe a vida de um escritor tal qual eu presumia. As manhãs caladas, o batuque das letras, o mundo descortinando o novo. O ritmo da prosa é este. Por estar neste ritmo eu não estou postando aqui. Neste ano a poesia brilhou aqui e ali - Os sonetos dialogando com Fernando Pessoa nas páginas do Rascunho. A publicação de A flor dentro da árvore. O Prêmio Cataratas que me levou ao evento em Foz do Iguaçu no mês de Maio. O convite de Celina Portocarrero que me levou ao Rio para festejar a Antologia - Amar, Verbo Atemporal. Penso em voltar ao verso como quem volta ao amante mais desejado. Por enquanto é a prosa, o ritmo lento, a pesquisa, o apego ao silêncio. Lá fora a vida literária é puro alarde. Muitos acreditam que é preciso ser visto para ser lembrado. Eu penso que só uma obra de valor pode fazer qualquer autor ser lembrado em qualquer tempo. Se a Literatura deixar de ser o que até aqui tem sido, prefiro me isolar para sempre. Quem não é visto não é lembrado para mim tem cheiro de pop pobre e equivale a dizer que tudo vale a qualquer custo. Que graça tem isto? Que graça tem se a magia maior é o momento da criação? E só ele importa e sem ele nada há. Mergulho nele e faço deste momento a minha Festa. 

Saturday, September 01, 2012

Sáfaras noites bárbaras...


fac-simile da poesia - Wild Nights - Emily Dickinson



Tradução da poesia está na página de Emily Dickinson no link acima, em tradução de M. C. Ferreira:







Sáfaras noites bárbaras! 
fosse eu por ti 
vi'king's - cenário e fúria 
nossa luxúria! 

Correr coxias 
Donne's - compassos - 
porto in'seguro 
e cuor ingrato! 
De um bote ao éden 
THALASSA! THALASSA! 
possa essa noite ricochetear 
maremotos!

Emily Dickinson
trad. M.C. Ferreira

REPRESENTAÇÕES DA MULHER NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA PARANAENSE: UM OLHAR SOBRE A NARRATIVA DE BÁRBARA LIA - Adriana Lopes de Araujo






Texto publicado em:
Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura - disponível em PDF na Internet link AQUI

Página onde é possível ler todos os textos:
http://www.mulhereliteratura.com.br/


Sunday, August 26, 2012

21 Gramas






21 gramas - Livros artesanais - Inventário poético by Bárbara Lia, link abaixo


http://edicoes21gramas.blogspot.com.br/

A flor dentro da árvore - Bárbara Lia






http://www.musarara.com.br/a-flor-dentro-da-arvore

Tem um pássaro cantando dentro de mim - Bárbara Lia







PEQUENO TRATADO DA DELICADEZA


p/Rodrigo de Souza Leão





Rimbaud te espera
No barco bêbado encalhado
Em um mar crispado de turmalinas
- lágrimas dos poetas -
Nas mãos, duas taças de absinto
Para brindar a vida fera
Dois homens de branco
Ancorados na beleza
A repartir
O fogo santo
O espanto
O canto
O eterno canto
Dos poetas...
- Por delicadeza
Perdi minha vida -
Por delicadeza
Entregamos a vida
Aos escarros
Por delicadeza
Entregamos a carne
Aos caninos ávidos
Por delicadeza
Atravessamos a bruma
Com lírios brancos
Nos braços

Rimbaud sempre à espera
Para brindar
A eterna primavera

Bárbara Lia
Tem um pássaro cantando dentro de mim (2011)
p32

Constelação de Ossos - Bárbara Lia

foto do poeta Isaias Faria


http://paliavana4.blogspot.com.br/2011/01/12.html

texto no blog do poeta Darlan Cunha

A última chuva - Bárbara Lia



DESDÊMONA
 
Olhou-me como nuvem,
a sugar os vapores
da minha alma.
Por que ele é meu deus,
guardei-o em um lago
onde iago
jamais chegará.

Bárbara Lia
A última chuva (2007)
Mulheres emergentes ed.

Solidão Calcinada - Bárbara Lia





http://solidaocalcinada.blogspot.com.br/2009/07/escrita-de-mulheres-izabel-liviski.html

O sal das rosas - Bárbara Lia






KAMIKAZES 




Doze kamikazes

arrastam a delicada açucena. 



Doze kamikazes.



As lágrimas descem

feito fontes. 



Nenhuma música

de anjos sonoros,

nenhuma. 



Nas nuvens que passeiam,

exausto de tédio, atira longe

o grão da maldade – o dragão da guerra. 

Bárbara Lia 
O sal das rosas / Lumme editor 2007 
  
  

Noir - Bárbara Lia





PROFANA
A cor do amor é branca,
e o amor tem uma covinha do lado direito do rosto
e o amor me olha como alguém
que jamais vai tirar a minha calcinha
e gozar o céu dentro de mim.
O amor sempre vai me olhar
como se eu estivesse num altar de papel.
Para o amor, eu sou uma rima
e rima não tem vagina.
Para o amor, eu sou uma ode
com uma ode ninguém fode.
Eu sou um verso alexandrino
jamais tocado pelo herdeiro deste nome.
Eu sou a palavra, e a palavra, a palavra é Deus
Deus ninguém come, mas,
será que beber
pode?
BÁRBARA LIA (NOIR - ed. independente-2006)

O sorriso de Leonardo - Bárbara Lia




Publicado em 2004 - 14 poesias - Livro de Bolso




O sorriso de Leonardo - Bárbara Lia


Dissecar cadáveres
para buscar
a perfeita anatomia.
Libertar pássaros
nos mercados
da Itália renascentista.
Beleza clara
cabelos e barba
emaranhados
luz em desalinho.
Toga cor-de-rosa
levita na pele
suntuosa de gênio
-inocência serena-
Leonardo, in carbon,
copiando a própria beleza,
em sorrisos negados.
Sorriso de Leonardo
inauguraria um novo sol
aplacaria o brilho do astro.
-seu sorriso imaginado
seus quadros incendiados-
nos conduzem enquanto
vamos dissecando o verbo
com fúria encantada
Desejo leonardiano
de libertar o poema
e revelar a musculatura
exata de cada palavra.




Abrangendo a produção literária de cinco séculos, a coletânea de poesia Amar, verbo atemporal apresenta o que nenhuma outra jamais conseguiu: um verdadeiro mosaico das mais variadas e distintas interpretações líricas do amor. Organizado pela poeta e tradutora Celina Portocarrero, o livro reúne 50 poemas de autores clássicos, nascidos entre os anos de 1623 e 1897, e mais outros 50 inéditos, de autores nascidos entre 1936 e 1989, traçando em cores diversas uma ampla radiografia do sentimento amoroso, colhida de todos os cantos do país e abarcando os principais momentos da poesia brasileira.

O Melhor da Festa 3




Adão Iturrusgarai, Ademir Assunção, Alexandre Rodrigues, Altair Martins, Amilcar Bettega, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Antônio Xerxenesky, Andréia Laimer, Augusto Paim, Bárbara Lia, Carlos André Moreira, Cardoso, Carlos Gerbase, Carlos Pessoa Rosa, Cássio Pantaleoni, Claudia Tajes, Cristian De Nápoli, Daniel Weller, Diego Petrarca, Douglas Diegues, E. M. de Melo e Castro, Everton Behenck, Flávio Wild, Guilherme Orosco, Guto Leite, Henrique Rodrigues, Henrique Schneider, Horacio Fiebelkorn, Jacob Klintowitz, Jeferson Tenório, João Gilberto Noll, Jorge Fróes, Laerte, Laís Chaffe, Leandro Dóro, Liana Timm, Lima Trindade, Lúcia Rosa, Luciana Thomé, Luís Dill, Luís Serguilha, Luiz Paulo Faccioli, Marcelo Spalding, Márcia Denser, Maria Rezende, Marcelo Sahea, Marlon de Almeida, Monique Revillion, Nei Lopes, Nelson de Oliveira, Nicolas Behr, Olavo Amaral, Paulo Ribeiro, Pena Cabreira, Ramon Mello, Reginaldo Pujol Filho, Reynaldo Bessa, Ricardo Silvestrin, Rodrigo Bittencourt, Rodrigo dMart, Rodrigo Rosp, Ronald Augusto, Sandro Ornellas, Sergio Faraco, Simone Campos, Tailor Diniz, Virna Teixeira, Wilmar Silva, Wladimir Cazé, Xico Sá.

O que é Poesia?


O que é Poesia? / Edson Cruz, organizador. Rio de Janeiro: Confraria dos Vento:  Calibán, 2009. 144p.

Autores na antologia:

Affonso Romano de Sant´Anna, Amador Ribeiro Neto, Ana Elisa Ribeiro, André Vallias, Aníbal Beça, Antonio Cícero, Augusto de Campos, Bárbara Lia, Carlito Azevedo,  Carlos Felipe Moisés, Claudio Daniel, Claudio Willer, Eunice Arruda, Fabiano Calixto, Felipe Fortuna, Flávia Rocha,  Floriano Martins, Frederico Barbosa, Glauco Mattoso, Horácio Costa, Jair Cortés, João Miguel Henriques,  João Rasteiro, Jorge Rivelli, Jorge Tufic, José Kozer, Luis Serguilha, Luiz Roberto Guedes, Marcel Ariel, Márcio-André, Marcos Siscar, Micheliny Verunschk, Nicolas Behr, Nicolau Saião, Ricardo Aleixo, Ricrdo Corona, Ricrdo Silvestrin, Rodolfo Hãsler, Rodrigo Petronio, Sebastião Nunes,  Tavinho Paes, Victor Paes, Virna Teixeira, Washington Benavides.

Thursday, August 23, 2012

58 anos a partir de amanhã





Sempre quis andar mais rápido que o vento. A partir de amanhã quando pensar em minha idade eu vou pensar - Nossa! 58 anos, é muito tempo. Não vou fazer 58 amanhã, vou fazer 57. Sempre comecei a contar um ano além. Mania eterna. Faço 57 e começo a dizer - Tenho 58 anos. Sempre fui assim, um passo à frente, uma asa na dianteira. Fico angustiada em elevadores lerdos. Um dia eu entrei em um elevador jurássico da Federal. Quase surtei com a lerdeza. Um aluno jovem me olhou sem entender a minha urgência infinita. Eu disse - Se tudo acompanhasse meu ritmo a gente já estava no final do terceiro milênio. Ele sorriu, um riso sonso. Devia haver um lugar para os que não seguem o ritmo dos calendários, das leis e dos estatutos. Mudava para lá hoje mesmo. Por falar nisto, mudei-me. Muito tempo em apartamento e agora eu estou como pássaro que voltou ao ninho. Posso colocar a cabeça para fora e sentir o sol, caminhar no quintal. Isto não tem preço. É um pequeno lugar. Eu a chamo - A Casa de Marte. Hilda viveu na Casa do Sol. Vivo na Casa de Marte. As paredes lembram a cor da superfície do planeta. Nas tardes, cerro os olhos para ver o entardecer azulado de Marte. Há muito tempo eu construi uma dimensão e vivi lá por um tempo. Foi uma experiência mística na companhia de alguém. O Extracéu. O céu dura pouco. O Extracéu menos ainda. Em alguns dias duvido das experiências que vivi, com pessoas que se eu contar dirão - É mentira. O Extracéu não teve um final feliz, foi um trauma. Deviam dizer aos homens que as mulheres fortes suportam a verdade. Se um dia você pergunta a um cara - Você tem alguém na sua vida? A resposta dele deve ser a verdadeira. Depois, não adianta ficar remoendo raivas antigas em poemas, pois, afinal, tenho certeza que perguntei uma vez, duas. Os homens adoram esconder sua real situação sentimental. Eles acham que estão isentos da divisão da verdade. E isto nunca dá certo. O final feliz inclui a transparência. E não existem muitos homens transparentes por ai. Conheci UM. Isto já vale muito. Tenho certeza que muitas mulheres passaram pela vida sem conhecer ao menos um. Depois ficam sem entender as pessoas que se fecham em conchas e viram cínicas. Acho que o moço transparente de lua salvou a minha crença. Só isto valia aquela trombada cibernética sideral erótica transcendental. Só isto valia, mas, sempre tem o adendo. O adendo foi mais bonito.
Amanhã é meu aniversário.
Nada tenho para postar aqui que seja inédito.
Meu amigo mais querido escreveu - Mande um livro de poesias para o Prêmio Governo de Minas Gerais. É possível. Se cavar bem, encontro 25 poesias inéditas. O Prêmio Paraná exigiu demais. 70 poesias inéditas? Um romance com 130 páginas no mínimo? Meu romance-mor está no Prémio Leya, totalmente queimado por uma palavra que descobri fora do lugar. E invalidei mais duas ou três chances. Isto faz parte. Ano que vem tem mais. Por enquanto vou colhendo poemas em tudo que veio na mudança. Mudança é pura epifania. Reencontro com as belezas esquecidas. Um poema bonito em algum canto, uma fotografia esquecida. Escritos dos amantes do passado saltando à flor dos dias. Memórias reviradas. Uma experiência que não havia vivido depois do primeiro livro. Algumas pessoas levam móveis e roupas e máquinas. Minha mudança floria em papéis e caixas e caixas de livros. Minhas filhas imploram que eu deixe apenas no computador tudo isto. Eu me apego. Acaricio um poema escrito à máquina que encontro em uma agenda antiga. Já fui musa. Sou musa ainda. Os homens que escreveram poesias para mim eram eróticos. São. Os poemas a mim dedicados são ardentes. Eu os calo. Eu os guardo e sinto saudade de outro tempo, outro amante, o antigo.
Amanhã vou fazer 57 anos. Nunca estive tão péssima. Agonia ao perceber os movimentos complexos que preciso fazer e que nunca precisei antes. O olho com a mácula da retina rasgada. O joelho esquerdo estourado. O pé direito. É preciso parar, respirar, aceitar. Existe esta dor, ela vai ficar grudada pra sempre. Existe a limitação. Existe a vivência. A Poesia trouxe a Beleza jamais imaginada para a minha vida. Trouxe também rançosos rancores a ricochetear em um pequeno raio à distância. Espero que em Marte a vida flua mais serena. Que eu aprenda a caminhar nesta alameda larga, onde em todas as manhãs os atletas amadores empreendem sua caminhada. Que eu não perca o espetáculo das estrelas e nem o canto dos pássaros nas manhãs. No primeiro dia que acordei na Casa de Marte um Quero Quero alardeou sua presença. Estou ficando mais velha e mais livre. Desconfio que a Liberdade exige muito tempo, e ela está sentada sem cerimônia nas pedras largas do jardim. Minha visitante mais assidua. Vamos adiante, atadas como siamesas. Sigo buscando vinte e cinco versos e um romance com cento e trinta páginas, ao menos, com o ar rasgando dentro em uma sensação de sol dentro que não sentia há muito tempo....

Gênio da raça.



Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros.
Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas.
O importante é não acordá-las.
Nelson Rodrigues

La nave va...

Uma Entrevista na Revista Arte Cítrica n°3

  Na página 94 uma entrevista sobre minha vida de poeta na bela edição da Revista Arte Cítrica nº 3: https://drive.google.com/file/d/1PPTZT6...