Friday, May 10, 2013

Paraísos de Pedra _ Bárbara Lia _ Editora Penalux


"Paraísos de Pedra traz narrativas da minha infância na cidade de Peabiru, e contos que utilizam como cenário a cidade de Curitiba. Memória e Invenção. Os contos da maturidade tem a urgência de dizer: A vida escoa. Os da infância perdem-se em relatos da memória, longos como os dias em Peabiru. O sol ao lado, sempre."
A _ Editora Penalux / Livros que iluminam _ abraçou a ideia e aprovou a publicação deste livro. No início do próximo semestre o lançamento de Paraísos de Pedra, minha estreia em narrativas curtas.
O título evoca a palavra "Paraísos", por trazer dois lugares, cidades onde vivi: Peabiru / Curitiba. Dois Paraísos. E na busca por uma imagem para a capa, vasculhando monumentos da cidade, encontrei o trabalho do repórter fotográfico João Debs. Em busca do bebedouro do Largo da Ordem, encontrei as fotos dele, uma delas _ A Ninfa da Praça Osório _ impressionou-me. Entrei em contato com João, depois de descartar as imagens do Largo da Ordem, conversando sobre a Ninfa, ele resumiu em algumas frases poéticas algo que assinalou a certeza de que a Ninfa era a imagem para o meu livro. Ele falou alguma coisa sobre, ser esta mulher desgastada, que se volta e lança seu olhar para trás. Ele não sabia que eu era esta mulher com a alma arranhada, rasurada e maltratada que lança um olhar sobre sua infância. É esta Poesia (nada do que faço escapa da Poesia) que a imagem representa. Paraísos de Pedra. Nos contos que tem como cenário _ Curitiba _ as esculturas e as ruas de pedra estão presentes. Por isto, meu livro vai narrar estes dois momentos. A infância de pedra (ainda que feliz) e os contos com cenários de esculturas e ruas de pedra da cidade onde agora eu vivo.
***

fragmento de "A noite dos vivos"
(...)


Esse espaço de pedras é por onde passam os vivos. Réstias de frases cintilam em um espaço por onde caminhei hoje e ecoam em mim como notas de um piano antigo...
_ Aquele professor de Geopolítica é genial...
_ Eu não sei desenhar na pedra...
_ Então... O que teu pai disse?...
Sair com uma frase incompleta de cada colisão com pessoas dialogando no caminho, um conto na cabeça, uma dor no pé de pisar pedras tortas. Depois, sentar no banco para ouvir o diálogo (monólogo?) do homem livre. Esperando o amigo que disse um dia:
_ Cansei de vomitar vinho Campo Largo...
Pedras raras ainda guardam vômitos de meninos como se eles vomitassem o sangue dos parasitas, dos falsos profetas, dos inquisidores, dos covardes...
O homem se despede e algo se move, como se o cavalo voltasse sua horrenda face (ele é mesmo feio) para se despedir do amigo. O único que se enternece e lhe diz boa noite, mesmo que depois diga:
_ Como você é feio!
O mundo se parte ao meio e eu fico com o pedaço de mundo onde tem o Relógio das Flores (memória de um sonho como iluminura medieval), com as pedras lavadas do bom e velho vinho Campo Largo e o lampião antigo que acende para ajudar o pálido crescente _ foice fosca do apocalipse _ a iluminar a noite dos vivos.

Bárbara Lia _ Paraísos de Pedra _ Editora Penalux (no prelo)


Lançamento no mês de Julho!

A Ninfa da Praça Osório _ João Debs

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