by Tina Modotti
Quem – neste tempo
de futilidades –
encarnaria
uma deusa antiga?
(um cais é um cais é um cais)
Beijar a quilha
Do velho navio
Que te depositou
Neste cais
Do velho navio
Que te depositou
Neste cais
(uma
primavera é uma primavera é uma primavera)
Fique em
silêncio
como um ramo seco
vem aí
como um ramo seco
vem aí
uma primavera
a te florir
(um olhar é um olhar é um olhar)
“Apenas se olharam.
Olharam-se era a casa de ambos”
(José Saramago)
E fico a olhar teu rosto
O olho esquerdo me ama
O direito rasga-me - navalha fria
Segue pelos flancos a desenhar estrelas
O sangue escorre doce para o chão frio
O sangue se transforma em rio
Meu néctar fluindo mel vermelho
E nele tudo que é vida diz teu nome
Bárbara Lia
Poemas do livro - RESPIRAR (2014)