Tuesday, June 16, 2009

lendo Kerouac




“Tristessa”
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Ame quem te ama e conheça o inferno

Fogo a fogo no porão do medo

Fogo a fogo no cabelo da Medusa

Atiçando cobras

Atiçando demos.

Ame quem te ama e conheça a dor

Amputar pernas braços sexo e coração.

Ame quem te ama

Nesta luta cega

Boitatás no milharal

Não sobra espiga sobre espiga

E o espantalho, mudo, tira o chapéu

E dança triste no chão de palhas.

Ame quem te ama e conheça o inferno

Dois sustos travestidos de sons

Querendo narrar o que o humano não narra

Escrevendo em aramaico o avesso do vivido....

Ame quem te ama

E se arrependa de viver rezando pelo amor.

Ame quem te ama

E descubra

A agulha fina e gelada do olhar

O rio de deus que rola tua nuca quando ele te toca

O que é não sentir o corpo do outro

Cópula de luz.

O que é ter a língua presa o corpo preso o gesto preso

E a alma livre pluma de algodão te levando

Onde não quer

Onde não deve estar, nem teus pés, nem tuas mãos...

in A última chuva

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-escrevi a poesia acima, após a leitura do livro de Kerouac:

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"A maneira selvagem como Tristessa fica de pé, as pernas afastadas, no meio do quarto para explicar algo, como um viciado em uma esquina do Harlem, ou em qualquer outro lugar, Cairo, Bang Bombayo e todo o bando de Felás dos Palmeirais da Extremidade das Bermudas às asas do albatroz pousadas que cobrem de penas as rochosas da costa do Ártico, só o veneno que servem das focas Gloogloo dos esquimós e as águias da Groelândia, não é tão ruim quanto aquela morfina da Civilização Alemã à quel ela (uma índia) é forçada a se submeter e a morrer por ela em sua terra nativa.

Jack Kerouac

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