Sunday, January 10, 2010

Nuvens

Foto da minha filha - Tahiana Cláudia

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DESDÊMONA

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Olhou-me como nuvem a sugar os vapores da minha alma. Por que ele é meu deus guardei-o em um lago onde Iago jamais chegará.

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MAÕS DE ABRIR NUVENS

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Ter mãos de abrir nuvens

Romper o velcro de baunilha

E espiar

Dentro a catedral

Dos sonhos

Um rito de encanto

Crianças e lagos

E mapas emaranhados

A Sexta Avenida

Deságua no Eufrates

E as barcas cruzam

De Bagdad ao Mojave

As mãos se enlaçam

Negras brancas

Amarelas azuis.

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Ter mãos de abrir nuvens

Descobrir a alma de neve

E perfume

Que se fazem

Pássaros

Camelos

Bailarinas.

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Quem possui mãos de abrir nuvens?

Quem rega pedras

E pesca pássaros

Em tempestades

E ancora no alto

Da montanha mais alta

Suas caravelas.

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Quiçá Penélope,

Sem manto, grilhões e espera.

A abrir nuvens

Além da torre de concreto

Em pleno azul

Entre a brancura espumada.

Mãos de mulher livre

A abrir o velcro

Da humanidade encantada.

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“O sorriso de Leonardo” – Kafka edições baratas.

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PULMÃO DE DEUS

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Sussurro suave ao redor, nuvem de seda embalando astros. Aqui, onde respira a vida,

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perfume de malva, silêncio de córrego entre pedras. Ar lúcido de luz.

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LEQUE DE NUVENS PARA O DEUS DAS ONDAS

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O leque de nuvens se reflete na areia de mármore. Alento de tarde pagã.

. Distante, a carranca do deus das ondas escureceu o mar.

. O coqueiro se eriça. Cais sobre mim

. feito neve nos Alpes. E a tarde abraça o nosso abraço.

(Pulmão de Deus e Leque de Nuvens para o Deus das Ondas - poesias do livro - O sal das rosas - Lumme/2007)

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CLOUD COLD

. Ardor louco em mim aguerrido E o pranto triste derramado Nosso incêndio alastrado Em rio de abandono convertido . Busquei-te nas auroras escondido Todos os nós do meu peito desatado Deste amor que me manteve aprisionado No gelo – da ausência – derretido . Se me abraçasses longamente Em silêncio esquecesses a porfia Preferistes ser prudente . Amor negado se transforma em tirania Como quando o sol em manhã ardente Permitiu que lhe nublasse a nuvem fria . . .

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Minhas nuvens acima, abaixo as nuvens de Sylvia Plath:

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As nuvens passam e se dispersam. São aquelas as faces do amor, aquelas pálidas irremediáveis? Para isso é que meu coração se turba?

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Sylvia Plath (fragmento da poesia - Árvore - trad. Vinícius Dantas)

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La nave va...

Um dedo de prosa

  Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...