Lançamento Breve, em Lisboa. Meu conto "Aquela Viagem" integra esta Antologia de Histórias Horríveis e Impossíveis - Ocultos Buracos - editada por Pastelaria Studios Editora. No futuro informo o caminho para adquirir o livro e desta vez não posso ir ao lançamento, por enquanto. Portugal é para o futuro, não muito distante, espero...
Wednesday, September 19, 2012
Monday, September 17, 2012
Ana C.
Tenho medo de perder este silêncio. Vamos sair? Vamos andar no jardim? Por que você me trouxe aqui para dentro deste quarto? Quando você morrer os caderninhos vão todos para a vitrine da exposição póstuma. Relíquias. Ele me diz com o ar um pouco mimado que a arte é aquilo que ajuda a escapar da inércia. Outra vez os olhos. Os dele produzem uma indiferença quando ele me conta o que é a arte. Estou te dizendo isso há oito dias. Aprendo a focar em pleno parque. Imagino a onipotência dos fotógrafos escrutinando por trás do visor, invisíveis como Deus. Eu não sei focar ali no jardim, sobre a linha do seu rosto, mesmo que seja por displicência estudada, a mulher difícil que não se abandona para trás, para trás, palavras escapando, sem nada que volte e retoque e complete. Explico mais ainda: falar não me tira da pauta; vou passar a desenhar; para sair da pauta.
Estou muito compenetrada no meu pânico. Lá de dentro tomando medidas preventivas. Minha filha, lê isso aqui quando você tiver perdido as esperanças como hoje. Você é meu único tesouro. Você morde e grita e não me deixa em paz mas você é meu único tesouro. Então escuta só; toma esse xarope, deita no meu colo, e descansa aqui; dorme que eu cuido de você e não me assusto; dorme, dorme. Eu sou grande, fico acordada até mais tarde.
Estou muito compenetrada no meu pânico. Lá de dentro tomando medidas preventivas. Minha filha, lê isso aqui quando você tiver perdido as esperanças como hoje. Você é meu único tesouro. Você morde e grita e não me deixa em paz mas você é meu único tesouro. Então escuta só; toma esse xarope, deita no meu colo, e descansa aqui; dorme que eu cuido de você e não me assusto; dorme, dorme. Eu sou grande, fico acordada até mais tarde.
ANA CRISTINA CESAR (1.952-1983)
- do livro Luvas de Pelica - Inglaterra, Novembro 1.980
Sunday, September 16, 2012
Manoel de Barros
O Olhar
Ele era um andarilho.
Ele tinha um olhar cheio de sol
De águas
De árvores
De aves.
Ao passar pela aldeia
Ele sempre me pareceu a liberdade em trapos.
O silêncio honrava sua vida
Manoel de Barros
Auto-retrato aos 90
Dulcineia Catadora
La Mirada
Él era un andariego.
Él tenia uma mirada llena de sol
de águas
de árboles
de aves.
Al pasar por el Pueblo
siempre me pareció que era liberdad vestida en trapos.
El silencio le honraba la vida.
http://www.dulcineiacatadora.com.br/home.html
Saturday, September 15, 2012
O livro do desassossego - Bernardo Soares
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida. Minha tia velha fazia paciências durante o infinito do serão. Estas confissões de sentir são paciências minhas. Não as interpreto, como quem usasse cartas para saber o destino. Não as ausculto, porque nas paciências as cartas não têm propriamente valia. Desenrolo-me como uma meada multicolor, ou faço comigo figuras de cordel, como as que se tecem nas mãos espetadas e se passam de umas crianças para as outras. Cuido só de que o polegar não falhe o laço que lhe compete. Depois viro a mão e a imagem fica diferente. E recomeço.
- O LIVRO DO DESASSOSSEGO - Bernardo Soares.
Friday, September 14, 2012
Viva!
Não posso publicar o que escrevo, pois vai para um concurso.
Não posso falar sobre o que escrevo. Segundo meu amigo Frei Betto, não dá sorte. Além do mais, acabo delatanto um livro que precisa ficar inédito.
Fico publicando poemas de amor...
Não devo publicar meu poema de amor que está na Antologia - Amar, verbo atemporal - Não acho ético.
Assinei um contrato de cessão de direitos. Fico aqui com o meus versos antigos e nada de novo que eu possa dar aos meus leitores.
Pensei em um blog que criei onde postei algumas poesias do livro - O sorriso de Leonardo - Uma pequena amostra do livro. Poesias ilustradas com Desenhos e Telas de Leonardo da Vinci. Boa leitura! Boa tarde! Estou viva, compondo uma obra. O sol anuncia uma primavera amena. Tudo está em seu lugar.
Thursday, September 13, 2012
Eles falam de amor - Eugenio Montale
Desci um milhão de escadas
Desci, dando-te o braço, ao menos um milhão de escadas
e agora que aqui não estás é o vazio a cada degrau.
Mesmo assim foi breve nossa longa viagem.
A minha dura ainda, mas já não me ocorre pensar
nas conexões, nas reservas,
nas ciladas, nos vexames dos que crêem
que a realidade é aquilo que se vê.
Desci milhões de escadas dando-te o braço
e não porque com quatro olhos talvez se veja melhor.
Contigo as desci porque sabia que de nós dois
as únicas verdadeiras pupilas, ainda que tão ofuscadas,
eram as tuas.
Eugenio Montale
(1896-1981)
Prêmio Nobel de Literatura - 1975
(tradução Equipa "O Ponto de Encontro")
poesia encontrada neste link do site Luso Poemas
Wednesday, September 12, 2012
Tuesday, September 11, 2012
O Centauro no Jardim
O CENTAURO NO JARDIM
Sou uma esfinge
leoa-mulher
e amo
um centauro em um jardim.
Morreria por ele.
De herança:
minha pata-leoa.
minha mão escritora.
A mesma que tocou os cabelos
do mitológico ser
e o amou
um amor enjaulado
um amor siderado.
Dói amar um ser
que cavalga em poesia
que grita belezas no silêncio…
Sou uma esfinge
leoa-mulher
e amo
um centauro em um jardim.
Morreria por ele.
De herança:
minha pata-leoa.
minha mão escritora.
A mesma que tocou os cabelos
do mitológico ser
e o amou
um amor enjaulado
um amor siderado.
Dói amar um ser
que cavalga em poesia
que grita belezas no silêncio…
A esfinge se cala
e entrega
de mão beijada
o centauro amado
a quem jamais
o amou assim.
e entrega
de mão beijada
o centauro amado
a quem jamais
o amou assim.
Bárbara Lia
(Leitura poética do livro O centauro no jardim, de Moacyr Scliar)
Há mais de dez anos uma poesia surgiu logo após a leitura do livro - O centauro no jardim - Não sei dizer qual livro vai gerar versos. A maioria se completa ao final da leitura, alguns ficam martelando dentro da alma, uma palavra, uma inquietação... A leitura só termina quando nasce o poema. Estes diálogos acontecem com filmes, com telas, com outros poetas. O centauro no jardim segue ilhado no jardim, não entrou em nenhum livro meu. Fico meses e até anos sem pensar no livro e na poesia e como um filho distante que chega sem aviso ele retorna: A visita nostálgica.
Thursday, September 06, 2012
Tuesday, September 04, 2012
Volva
Serviço:
Exposição: Volva de Andrea Nardi, Eleonora Gomes, Lourdes Duarte, Milena Costa e Raquel Camacho.
Abertura: 17.08. 2012 às 19h
Exposição até dia 23 de setembro de 2012
Local: Museu Alfredo Andersen
Rua Mateus Leme, 336
Curitiba/Pr.
http://grupoovo.blogspot.com.br/
O Grupo Ovo tem como uma de suas principais inquietações o universo feminino: os mistérios de seu corpo e da sua subjetividade. E nada é mais instigante para uma pesquisa estética, do que o rito de passagem representado pelo nascimento.
Exposição: Volva de Andrea Nardi, Eleonora Gomes, Lourdes Duarte, Milena Costa e Raquel Camacho.
Abertura: 17.08. 2012 às 19h
Exposição até dia 23 de setembro de 2012
Local: Museu Alfredo Andersen
Rua Mateus Leme, 336
Curitiba/Pr.
http://grupoovo.blogspot.com.br/
O Grupo Ovo tem como uma de suas principais inquietações o universo feminino: os mistérios de seu corpo e da sua subjetividade. E nada é mais instigante para uma pesquisa estética, do que o rito de passagem representado pelo nascimento.
Volver ao local de origem da vida, a
experiência única de nadar no líquido amniótico, sentir-se aconchegado, e
finalmente vir para a luz, é o convite para essa viagem inusitada que nos fazem
as artistas Andrea Nardi, Eleonora Gomes, Lourdes Duarte, Milena Costa e Raquel
Camacho. (Izabel Liviski) -
Ler o texto completo sobre esta exposição no site Contemporartes no link abaixo. Fragmento do meu poema - Cigarras no Apocalipse - integra este projeto, evidenciando outro nascimento - o nascimento do poeta... Até dia 23 de setembro no Museu Alfredo Andersen. Vamos lá!
Monday, September 03, 2012
05/09 - Dia da Amazônia
Decreto:
Proibido derrubar
qualquer árvore
(exceto para
construir
berços
e violinos)
Proibido derrubar
qualquer árvore
(exceto para
construir
berços
e violinos)
Bárbara Lia
O ritmo da prosa
Saudades da mulher ávida que se sentava nas platéias e bebia com ansiedade cada palavra dos seus autores mais amados. Lembro de ouvir Ana Miranda dizer que ficou nove anos pesquisando, sem sair com amigos, sem vida social, debruçada em documentos e encerrada em Bibliotecas na pesquisa que propiciou aquela obra maravilhosa - Boca do Inferno. Eu estava encantada com o livro, com a autora que estava em minha cidade. Recordo estes dias como o bálsamo primeiro, o sopro, a poesia. Eu buscava os ícones para me espelhar em seus caminhos. O mundo virtual onde todos caimos torna quase uma lenda esta mulher (Ana) em um lugar, desconectada do mundo, cobrindo a mesa e a cama com toda a papelada que vai engendrar uma história magnífica. Insisto. Por pura teimosia de virginiana e guerreira - Insisto. Por isto, eu calo meu blog, não estou presente em tanto alarde que permeia as redes, fico aqui nesta trincheira do ontem, cultivando um enredo, pois eu ainda sou a menina de doze anos a voar nos verões de ouro no balanço rústico da casa feliz, compondo aquela certeza de que um dia seria escritora. Sinto saudades de ouvir algo que espelhe a vida de um escritor tal qual eu presumia. As manhãs caladas, o batuque das letras, o mundo descortinando o novo. O ritmo da prosa é este. Por estar neste ritmo eu não estou postando aqui. Neste ano a poesia brilhou aqui e ali - Os sonetos dialogando com Fernando Pessoa nas páginas do Rascunho. A publicação de A flor dentro da árvore. O Prêmio Cataratas que me levou ao evento em Foz do Iguaçu no mês de Maio. O convite de Celina Portocarrero que me levou ao Rio para festejar a Antologia - Amar, Verbo Atemporal. Penso em voltar ao verso como quem volta ao amante mais desejado. Por enquanto é a prosa, o ritmo lento, a pesquisa, o apego ao silêncio. Lá fora a vida literária é puro alarde. Muitos acreditam que é preciso ser visto para ser lembrado. Eu penso que só uma obra de valor pode fazer qualquer autor ser lembrado em qualquer tempo. Se a Literatura deixar de ser o que até aqui tem sido, prefiro me isolar para sempre. Quem não é visto não é lembrado para mim tem cheiro de pop pobre e equivale a dizer que tudo vale a qualquer custo. Que graça tem isto? Que graça tem se a magia maior é o momento da criação? E só ele importa e sem ele nada há. Mergulho nele e faço deste momento a minha Festa.
Saturday, September 01, 2012
Sáfaras noites bárbaras...
fac-simile da poesia - Wild Nights - Emily Dickinson
Tradução da poesia está na página de Emily Dickinson no link acima, em tradução de M. C. Ferreira:
Sáfaras noites bárbaras!
fosse eu por ti
vi'king's - cenário e fúria
nossa luxúria!
Correr coxias
Donne's - compassos -
porto in'seguro
e cuor ingrato!
De um bote ao éden
THALASSA! THALASSA!
possa essa noite ricochetear
maremotos!
Emily Dickinson
trad. M.C. Ferreira
REPRESENTAÇÕES DA MULHER NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA PARANAENSE: UM OLHAR SOBRE A NARRATIVA DE BÁRBARA LIA - Adriana Lopes de Araujo
Texto publicado em:
Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura - disponível em PDF na Internet link AQUI
Página onde é possível ler todos os textos:
http://www.mulhereliteratura.com.br/
Friday, August 31, 2012
Sunday, August 26, 2012
21 Gramas
21 gramas - Livros artesanais - Inventário poético by Bárbara Lia, link abaixo
http://edicoes21gramas.blogspot.com.br/
Tem um pássaro cantando dentro de mim - Bárbara Lia
PEQUENO TRATADO DA DELICADEZA
p/Rodrigo de Souza Leão
Rimbaud te espera
No barco bêbado encalhado
Em um mar crispado de turmalinas
- lágrimas dos poetas -
Nas mãos, duas taças de absinto
Para brindar a vida fera
Dois homens de branco
Ancorados na beleza
A repartir
O fogo santo
O espanto
O canto
O eterno canto
Dos poetas...
- Por delicadeza
Perdi minha vida -
Por delicadeza
Entregamos a vida
Aos escarros
Por delicadeza
Entregamos a carne
Aos caninos ávidos
Por delicadeza
Atravessamos a bruma
Com lírios brancos
Nos braços
Rimbaud sempre à espera
Para brindar
A eterna primavera
Bárbara Lia
Tem um pássaro cantando dentro de mim (2011)
p32
Constelação de Ossos - Bárbara Lia
foto do poeta Isaias Faria
http://paliavana4.blogspot.com.br/2011/01/12.html
texto no blog do poeta Darlan Cunha
A última chuva - Bárbara Lia
DESDÊMONA
Olhou-me como nuvem,
a sugar os vapores
da minha alma.
Por que ele é meu deus,
guardei-o em um lago
onde iago
jamais chegará.
Bárbara Lia
A última chuva (2007)
Mulheres emergentes ed.
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