
Friday, June 29, 2007
Saturday, June 23, 2007
CONCHA ROSSA

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Gosto dos sonhos feito filmes.
Peço aos anjos – Não me acordem!
Quero pisar algas, morangos, açucenas.
Leve flanar que só o sonho alcança.
Pensei haver sonhado aquele encontro
e raptei concha rossa naquela praia.
Dorme no meu quarto, na orla
do meu leito. Não foi sonho,
foi céu real. E o céu é eterno.
BÁRBARA LIA
(poesia publicada em abril de 2.004
na Revista Etcetera - Travessa dos Editores)
Ilustração - Ana Luisa Kaminski:
www.luisakaminski.nafoto.net
Thursday, June 21, 2007
ANA C.

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foto - Cecília Leal
P/Armando Freitas Filho
ANA CRISTINA CESAR
para Ana C.:
AUSÊNCIA.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
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Wednesday, June 20, 2007
AL- TUTILI
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Contam que muáchaha é um estilo de poema típico do Alandaluz, em que o poeta busca reproduzir sons circulares. É quase um canto tal é o efeito anelar da sonoridade do poema em árabe. O tema, em geral, é o da paixão não correspondida, o abandono, a indiferença: “A amada do poema árabe permanece inacessível mas no momento em que se tira o véu, é transformada em sol ou lua, é transfigurada e arrebatada cosmicamente” (Titus Burckhardt). Quem compôs o poema abaixo foi um poeta cego, conhecido como Al-Tutili, o cego de Tudela. Considerado um dos melhores autores de muáchahas, viveu na taifa de Sevilha no século XII, participava de concursos poéticos e seria, quem sabe, um dos animadores dos dîwâns sevilhanos:
MUÁCHAHA DOS OLHOS LÂNGUIDOS
Por Al-Tutili
Será que será meu, esse cervo que tem
Rosa adornada entre curvas de serpente?
Mesmo se os seus olhos lânguidos me ferem
hei de encontrar no talhe do corpo galhardo
alegria, se a sorte estiver do meu lado.
Deixei a seus pés a minha face rendida
Mas ela cresceu em seu orgulho e malícia
E me disse, e em meu rosto lágrima corria:
“Me diz onde aprendeste este amor extremado?
E eu disse: “Os teus olhos são meu professorado”.
E ainda me disse, e me deixou sem ação:
- Chega de culpar meus olhos, muda a razão!”
E eu lhe disse: “Mha senhor não te ofendas não,
Se não queres, juro não falo mais de agravos
- virei muçulmano, não fala mais o mago.”
Tu bates os cervos com esses olhos lânguidos
E fulminas as virgens do Éden esplêndidas
E saturas a luz com teus olhares cândidos
Amar-te é ter secreto amor, e eu não o espalho,
Não o revelo ao mundo e o levo bem guardado.
Que ser mais belo Deus fez existir na terra!
Meu coração te segue e tu nem mesmo acenas.
Chora aturdido, ouve-o quando se lamenta:
“me diz quanto agüento a ausência não estando
ai da enamorada se não estás tu”.
(tradução do árabe de Michel Sleiman)
Al-Tutili foi poeta no século XII em Sevilha
Michel Sleiman, poeta, professor de Literatura Árabe - USP
-poema publicado no site do ICARABE - apresentado dia 18/06. no Diwân, em Sampa, no Teatro da Aliança Francesa. Coordenado por Lelia Maria Romero, o evento, um conjunto de poesia e dança, foi um retrato dos dramas de árabes no Líbano, Iraque e Palestina. Uma reflexão sobre povos que vivem seus cotidianos mas também lidam com opressão e violências militar e ideológica
www.icarabe.org
Tuesday, June 19, 2007
"MINHA NOITE É UM GRANDE CORAÇÃO BATENDO"

"9 de novembro de 1951
Menino-amor. Ciência exata.
vontade de resistir vivendo
alegria saudável. gratidão infinita
Olhos nas mãos e
tato no olhar. Limpeza
e maciez de fruta. Enorme
coluna vertebral que é
base para toda a estrutura
humana. Um dia veremos, um dia
aprenderemos. Há sempre coisas
novas. Sempre ligadas à
antiga existência.
Alado - Meu Diego meu
amor de milhares de anos.
Sadga. Yrenáica
Frida.

"Sozinha com a minha grande felicidade
e a lembrança viva
da menina. Passaram-se 34 anos
desde que vivi esta amizade
mágica e cada vez que a
recordo, mais ela se aviva e mais cresce
dentro do meu mundo.
PINZÓN 1950, Frida Kahlo"

"Eu sou a desintegração"
TV CRONÓPIOS

Sunday, June 17, 2007
CLIFTON GIOVANINI
Saturday, June 16, 2007
MAHALO
Tuesday, June 12, 2007
BATISMO DE SANGUE

PETRARCA

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Botticelli
Canzoniere LXI
Benedetto sia 'l giorno, e l'mese, e l'anno,
e la stagione, e 'l tempo, e l'ora, e 'l punto,
e 'l paese, e l' loco ov'io fui giunto
da' duo begli occhi che legato m'ànno;
e benedetto il primo dolce affanno
ch'i' ebbi ad esser con amor congiunto,
e l'arco e le saette ond'i' fui punto,
e le piaghe che 'nfin al cor mi vanno.
Benedette le voci tante ch'io,
chiamando il nome de mia donna, ò sparte,
e i sospiri, e le lagrime. e 'l desio;
e benedette sian tutte le carte
ov'io fama l'acquisto, e 'l pensier mio,
ch'è sol di lei, si ch'altra non v'à parte.
FRANCESCO PETRARCA
(1.304 - 1.374)
Sunday, June 10, 2007
SONHOS EM PRETO E BRANCO
Esta sou eu, descalça nas enxurradas,
manhãs esperançadas.
Esta sou eu, adolescente,
indo ao colégio, olhos fixos
na estrela vespertina.
Esta sou eu, lendo à luz da lamparina
na madrugada,
olhos percorrendo páginas amarelas,
passeando por poemas barrocos
na companhia de estrelas foscas.
Esta sou eu, espiando por entre balaústres
o sobrinho do professor de francês,
seus olhos verdes, sua pele jambo,
na varanda da casa da esquina.
Esta sou eu, na mesa do café da manhã,
ouvindo a pergunta diária do pai:
— teve sonhos coloridos ou em preto e branco?
Dez anos, pequenina cidade de Peabiru.
Quantas mentiras meus olhinhos beberam
no Cine Vera?
Amor passeando de lambreta
rasgando ruas de Roma,
a beleza exótica — Troy Donahue,
a professorinha enamorada
na garupa...
O amor idealizado
"Candelabro italiano"
Esfarrapado e imundo
dei de cara com ele, enfim,
mendigo extraviado
que implora pra ser notado.
Eis o amor,
despejado
humilhado
não vive em estrelas
nem no mar profundo,
nem no limite do mundo,
está sempre no meio do caminho
pedra
poema
estirado
cão sublime à espera
de um dono franciscano
que o acolha
com todas as chagas
e enganos.
BÁRBARA LIA
Saturday, June 09, 2007
PORÃO LOQUAX
Loraine Thais
Bianca Lima
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Wednesday, June 06, 2007
TÁ CHOVENDO NA ROSEIRA

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Recital de Poesia dos poetas que fazem parte do jornal
Ancorada na parede ao lado da atriz Bia Fusko, como
Leito de um rio de sal.
Cresce em mim
o desnecessário.
Apodreço em rosas.
Rio sem foz.
Lua duplo espelho
no coração das águas.
Lembranças,
esperanças
naufragam abraçadas
no involuntário rio
onde acordo.
Tuesday, June 05, 2007
FREI BETTO

Hoje pela manhã fui surpreendida pela chegada do novo livro de Frei Betto - Calendário do poder. Um resumo da passagem de Frei Betto pelo Palácio do Planalto, quando foi responsável pela Mobilização Social do Programa Fome Zero e Assessor Especial do Presidente Lula, a quem ele chama Luiz Inácio e a quem Lula chama, Carlos Alberto.
Calendário do poder
Frei Betto
Rocco, 2007
DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

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Caetano Veloso
Quando eu me encontrava preso na cela de uma cadeia
Monday, June 04, 2007
Sunday, June 03, 2007
ORGULHO DA HOLANDA

TECENDO ESTRELAS DE VAN GOGH
Estrelas escorriam da tela,
na solidão do museu.
Aparei gotas de céu em minhas mãos.
Enovelei-as.
Possui por um tempo,
Estrelas abrasadas de loucura
e o azul mais azul que pode o azul ser.
Museu de Nova Iorque
em delírio.
Corre-corre. Alarmes. Vigias.
Não revistaram minhas mãos.
Um céu enovelado que me aquece
e apaga – primaveras sem teus beijos,
invernos de angústias.
Teci um manto azul
de estrelas emaranhadas,
um manto enfeitiçado.
Das estrelas da noite do artista.
Tenho mãos de fada.
e tenho tanto amor,
quanto estas estrelas deslumbradas.
Quando chegar aquele que amo.
Com seus olhos
que são para mim, música;
e para outros, mel.
Quando ultrapassar a escura porta
e se quedar no branco leito.
Eu o cobrirei com o céu.

CAMPOS DE TRIGO
Os campos de trigo continuam azuis a florescer pássaros
e acalentar o pão que aquece a alma
de quem ama e de quem não ama.
Os campos de trigo seguem embalando a lua
com uma sonata ao futuro sem fome.
Os campos de trigo esqueceram Van Gogh,
pois não há mais dor no homem.
É tudo realidade consentida.
Ninguém mais ergue sua obra para que o mundo
floresça em primaveras
que o artista não pode viver.
Nem mil girassóis de Van Gogh
vão calar a dor que assola
Ninive, Candahar, Bagdad,
o sertão, o chão desumano da Pátria,
Nigéria, Haiti, Etiópia...
Os campos de trigo não necessitam mais espantalhos.
O homem não necessita mais proteger o coração
para que o amor não o devore.
Pois o amor foi sepultado na última primavera.
Espantalho colorido
alardeando um campo-minado-coração,
varrido pelas máquinas da indiferença que regem
o sarcástico-mundo-cão.
Os campos de trigo, indiferentes,
seguem solares,
seguem em chama,
espalhando grãos,
dançando ao vento das almas ignaras.
O ARTISTA E A ARTE
Século XIX
Vincent,
O vento mistral derruba tuas telas.
Não tens dinheiro para as aquarelas.
Théo vendeu um único quadro teu.
Todas as amadas te dizem adeus.
As estrelas não são como as pintas...
Arlens não te suporta, louco artista!
Há em ti um fulgor que ninguém alcança.
Nem sabem que és louco de tanta esperança.
Século XX
Van Gogh,
Teus quadros valem milhões.
Teus girassóis estão em toda parte.
Nos museus do mundo.
Na sétima arte.
Orgulho da Holanda.
Tua ruiva fisionomia, o triste olhar.
A mensagem implícita na vida, nas telas, nas cartas.
A todos que perseguem a arte.
NÃO DESISTA!
BÁRBARA LIA
p/Vincent
Estas poesias inspiradas em Van Gogh foram publicadas em 2.005 nos Sites Literários Cronópios e Blocosonline.
Friday, June 01, 2007
RELEITURAS DE FRIDA

Julien Levy (EUA, 1906-1981), Frida Kahlo, c. 1938.
foto extraída do blog
www.letracorrida.blogspot.com



(Cravos na pele
Pinto em palavras
A tua dor.
Pinto girassóis de aço.
(Riso-sol de meu Diego,
CONEXÃO MARINGÁ

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(Leitura poética de “Trato de Levante”) Livre. O poeta é livre. Canta Neruda com amor revolucionário. Depois que tanto...