Any clothing
After Love
Is rough sandpaper
Scratching
Skin
Beatified
The sacred hours
Bárbara Lia
(Nyx Nua)
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Banco Itaú
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cpf 565 802 828-00
Roberto Piva, um dos maiores poetas brasileiros, está internado na enfermaria do Hospital das Clínicas, em estado precaríssimo. Piva tem 73 anos e sofre de mal de Parkinson. Segundo o poeta Celso de Alencar, que o visitou ontem, ele está num verdadeiro inferno dantesco.
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Nos últimos anos, Piva teve suas obras completas reunidas pela editora Globo em três volumes: Um Estrangeiro na Legião, Mala na Mão & e Asas Pretas e Estranhos Sinais de Saturno. Sua poesia voltou a circular como um furacão, mas o poeta continuou vivendo em situação precária. É comum os amigos se cotizarem para comprar os remédios que ele precisa para manter os efeitos do mal de Parkinson num nível razoável.
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Artistas não vivem de elogios.
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É preciso tirá-lo da enfermaria do HC e transferí-lo para um quarto. Urgente. Isso é o mínimo nesse momento.
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Ou as palavras do próprio poeta vão se confirmar como uma nefasta profecia?:
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“O objetivo de toda Poesia & de toda Obra de Arte foi sempre uma mensagem de Libertação Total dos Seres Humanos escravizados pelo masoquismo moral dos Preconceitos, dos Tabus, das Leis a serviço de uma classe dominante cuja obediência leva-nos preguiçosamente a conceber a Sociedade como uma Máquina que decide quem é normal & quem é anormal.”
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“... criminosos fardados & civis têm o poder absoluto para decidir quem é útil & quem é inútil”.
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“Enquanto isso, os representantes da poesia oficial & os engomados homens de negócios trocam entre si, numa reciprocidade suspeita, discursos & homenagens estourando de vaidade diante do aplauso de seus concidadãos. O que eu & meus amigos pretendemos é o divórcio absoluto da nova geração dos valores destes neomedievalistas”.
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- Espelunca (Blog do Ademir Assunção)
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A poesia é meu ópio
terapia
refúgio
Como era na infância
a revoada por quintais
criando reinos imaginários
A vida retalha as costas
com seu chicote
enquanto canto árias azuis
Quem não entende isto
não deve ler poemas
à meia-luz
Não deve tomar vinho
em um túmulo branco
enquanto pergunta à lua:
- Afinal, pra quê mesmo tudo isto?
Bárbara Lia
Legítimos
A minha ânsia da palavra fértil é a ânsia mesma
da terra ressecada no
instante suspenso em que o trovão explode:
em dolorosa expectativa aguardamos:
a terra, a água prometida pelo estrondo,
eu, o fogo anunciado pelo relâmpago.
Da tempestade eu quero o que inflama:
onde estão os que me podem dá-lo,
onde estão os poetas do fogo,
os poetas nascidos do estupro das
mais belas filhas dos mortais pelos anjos de Deus,
onde estão os poetas legítimos com suas dores que
engendram frutos,
com suas dores que são partos porque
doem pela construção da vida,
com a sua graça e fulgor que
enrubescem e afugentam a morte?
LAYLA
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calçadas molhadas
- uma lâmpada grávida
estremecida de sol
pequeno -
a lembrar
que ainda é verde o trigo.
florirá
amanhã
em sol granulado,
farpas de doçura,
sempre.
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DRÃO
“Grão, o amor da gente é como um grão”
Gilberto Gil
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grão
grão
grão
a cantar
as horas
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gota
gota
gota
a cantar
a chuva
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folha
folha
folha
a cantar
o outono
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bem-te-vi
bem-te-vi
bem-te-vi
a cantar
novo dia
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lâmina
lâmina
lâmina
a cantar
o amor.
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(Amar é ferir-se
em
lâminas
sollasidoremifa)
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Deus é a chuva. Só seu abraço líquido me faz leve. -Uma tarde na volta do colégio o vendaval molhou cada poro meu, encharcada de Deus entrei na panificadora e era só alma - o pão pesava mais que eu- Sei que Deus é a chuva quando o mais belo som é Ele abraçando a grama. É um diálogo de amantes como se os pingos em som de prazer se unissem às pétalas rudes pequeninas verdes, e o som rascante do gozo fatal se ampliasse, sem ferir. É calmo o som do amor -chuva na grama -.
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A chuva baila cinza na vidraça
que abre a cidade e
as cicatrizes de concreto.
No mundo não há quem leve,
como eu, este solar crepitar na alma.
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A ÚLTIMA CHUVA
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Eram retalhos,
rascunhos
partituras rotas
ode em desordem
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Eram cinza e vento
iceberg
no cenário.
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Eram estranhos
vozes de estanho
melodia brega.
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És!
Música
que estremece cristais.
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Som
do desmaio
da neve nos roseirais
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Plácido
barco branco
no grego mar azul.
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És!
O piano
A orquestra
O poema
A rima rara.
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És o que é.
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Tenho uma grande tristeza Acrescentada à que sinto. Quero dizer-ma mas pesa O quanto comigo minto.
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Porque verdadeiramente Não sei se estou triste ou não, E a chuva cai levemente (Porque Verlaine consente) Dentro do meu coração.
Pré-venda do livro "O Corpo" “O Corpo” traz uma seleção que abrange duas décadas de poesia er*tic@, além de fragmentos de uma n...