Wednesday, November 25, 2015
Tuesday, November 24, 2015
La Perra de Platón - Bárbara Lia
Académie - fotografia de Edgar Degas
4 Poemas de Bárbara Lia - Tradução de Karina Eskin edição bilíngue, em mallarmargens:
http://www.mallarmargens.com/2015/11/4-poemas-de-barbara-lia-traducao-de.html
o vórtice do enigma
acima está a incógnita
a esfinge
a escuridão selada
a esfinge
a escuridão selada
desde menina é bem ali
- vórtice do enigma -
minha casa
- vórtice do enigma -
minha casa
distanciada
calada sempre
translúcida
invisível
calada sempre
translúcida
invisível
vez ou outra
alguém vê
a invisível
e pelos olhos
de outrem
me reconheço:
corpo ameríndio
fera fêmea
alguém vê
a invisível
e pelos olhos
de outrem
me reconheço:
corpo ameríndio
fera fêmea
gosto
quando amam
minha voz
reafirmam
o que gosto
em mim
quando amam
minha voz
reafirmam
o que gosto
em mim
gosto de vozes
e imagino o som
das vozes ignotas
e imagino o som
das vozes ignotas
dos amados
esqueço rostos
cheiro
noites helênicas
nunca as vozes
suas senhas secretas
indiscretas
esqueço rostos
cheiro
noites helênicas
nunca as vozes
suas senhas secretas
indiscretas
não basta ser mulher
é preciso ser
vento e unção
é preciso ser
é preciso ser
vento e unção
é preciso ser
inesquecível
no vórtice do enigma
vou ficar
- invisível -
ainda que doa
não saber
em que tom
tua voz ressoa
vou ficar
- invisível -
ainda que doa
não saber
em que tom
tua voz ressoa
Bárbara Lia
- poema da série: quando eu quis atravessar as grandes águas -
Thursday, November 19, 2015
Quando eu quis atravessar as grandes águas
Quando eu quis atravessar as grandes águas
O silêncio lá no alto bombeava fúria nas veias
Os trovões mais abaixo eram canção de ninar
Quando eu quis atravessar as grandes águas
Equilibrava-me em pontes carentes, sem cair
Nos petrificados solos: ruía inteira, sangrava
Lembro que não havia anjos ou demônios...
Nada que li reli nos livros antigos e sebosos
Era solidão e flores azuis a embalsamar o ar
Sim, atravessei as grandes águas sem rezar
Três pétalas de ternura coladas ao corpo nu
Sonho (oráculo) em preto e branco com o pai
Cheiro inconfundível de tangerina nas narinas
Depois da travessia - olhos veem além da pele
Nem é tão bom ver dentro o mundo e pessoas
Não sei se era mais feliz antes da viagem rara
Ela altera o rosto da felicidade e só me resta:
Esta casa vazia cheirando à poesia, a mala fria
Com mil tangos de adeus e acenos nas estações
Os beijos fotografados pela lua e as lágrimas...
Todas que o sol secou como se fosse seu ofício
E alguns patéticos bilhetes pálidos e sem nexo...
Repúdio de quem não suportou o absurdo peso
De ser amado por quem venceu as grandes águas
Bárbara Lia
imagem - Francesca Woodman
Tuesday, November 17, 2015
furor e flor
homem enigma que habita o silêncio
a bela mão a desenhar; furor e flor
humano e diluído entre meus cílios
vida alucinada: amar o desconhecido
que rasga com olhar poros e primaveras
nada me obriga a ficar à espera... e fico
uma guerreira no cais da última batalha
na pele: lama, sangue seco e saliva pútrida
tudo ele tirará de mim com sua língua/açoite
noite após noite língua falo mãos lábios
noites helênicas ao som do silêncio tardio
cio azulado explodindo em estrelas bailarinas
sequência surreal de filme de Pasolini
antes, nossa promessa escrita a sangue...
nunca diremos um ao outro : Te amo!
Wednesday, November 11, 2015
"O quintal da Poesia" Bárbara Lia - Revista Carlos Zemek - Arte e Cultura -
O Quintal da Poesia. Um texto poético sobre os versos de Manoel ed Barros... Lembrando "O quintal maior que o mundo" do Manoel e decifrando a equação poética do verso: Aonde eu não estou as palavras me acham". Agradeço a Isabel Furini pelo espaço na - Revista Carlos Zemek - Arte e Cultural.
Para ler - neste link:
Sunday, November 08, 2015
BÁRBARA LIA E A AUTORIA FEMININA PARANAENSE: REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO NA LITERATURA
Estudo dos dois romances até aqui Editados: Solidão Calcinada (SEEC / Imprensa Oficial do Paraná) e Constelação de Ossos (Editora Vidráguas)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE (UNICENTRO) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS: MESTRADO
BÁRBARA LIA E A AUTORIA FEMININA PARANAENSE: REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO NA LITERATURA
DÉBORA CRISTINA ESSER
link para o texto:
BÁRBARA LIA E A AUTORIA FEMININA PARANAENSE: REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO NA LITERATURA
Sunday, November 01, 2015
massacre 29
encontra-me ó manhã no campo do nosso desespero
(Adonis)
Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera
T. S. Eliot
Querido Eliot,
Quando este abril despertou
escrevi - fúria fúcsia - em um poema singelo, antena da raça como todo poeta.
Antes do fim deste abril, vimos toda fúria (fúcsia) em uma praça pública. Sim,
o poeta é vidente... E sangra.
Sonhamos, sempre, que o homem
aprende com a História e nos enganamos século após século.
Em cada recanto uma célula de
Hitler ressuscita.
Todos os tiranos deixam no ar
sua fúria... E de abril em abril o mundo sangra.
Ainda assim, reitero meu poema
“Abril”.
De um abril que não vivemos,
neste ano da graça de 2015...
Abril
Que venha o Abril Febril!
40° de Poesia e Todo Amor
Que venha o Abril Gentil!
Memória de Cravos e Eliot
Que venha menos Vil...
Apagando a fúria fúcsia
Que venha o Fértil Abril
Adornando almas com rosas
40° de Poesia e Todo Amor
Que venha o Abril Gentil!
Memória de Cravos e Eliot
Que venha menos Vil...
Apagando a fúria fúcsia
Que venha o Fértil Abril
Adornando almas com rosas
1º de abril de 2015
Massacre 29 *
(Aos presentes em carne e alma, no
ataque perpetrado pelo Governo do Paraná
na Praça Nossa Senhora de Salete)
Então vieram os cavalos
Cascos
abrindo o asfalto
A ressuscitar
o Trinta de Agosto
De mil
novecentos e oitenta e oito
Fantasmas
se elevam do chão
Incomodados
pela hora da rixa
Atropelados
pelo absurdo cruel
Até os
fantasmas de 88
Choram ao
ver o massacre
Então, vieram os soldados
Armados
até os dentes
Mirando
em todo o Adão e toda Eva -
Pelo
pecado original da sapiência -
Mentes criativas
são belas
É
preciso matá-las
Elas
brilham em noites perenes
Mudam
vidas, abrem mares
Então, vieram os snipers
Debruçados
nos telhados do poder
Cegando
os mestres
Rasgando
suas bocas
Explodindo
seus tímpanos
Mesmo os
de estudantes na Praça
Então, vieram os helicópteros
E bombas
feito chuva
Duas
horas sem trégua
Então, veio a fumaça
Rastejante
e branca
Invadindo
a creche
Magoando
inocentes
“É um filme”
Disseram
aos pequeninos
A
maldade é um sino
Melhor
mentir para não soar
A
melodia do escárnio
Nas
almas dos anjos
Então, veio o silêncio
E o
zumbido e a dor
Soterrados
em uma Praça
- E nem
estamos em Gaza –
Curitiba,
abril de 2015
*Revisão
e cortes de Sálvio Nienkotter de uma versão inicial escrita sob o impacto do
massacre...
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