Wednesday, April 27, 2011

CASA DAS ROSAS CONVIDA PARA O LANÇAMENTO DE NAUFRÁGIOS



CASA DAS ROSAS CONVIDA PARA O LANÇAMENTO DE NAUFRÁGIOS






E O EVENTO A POESIA E A SUA CIDADE

Naufrágios é o novo livro do poeta, escritor, filósofo, professor e performer chinês de origem taiwanesa Chiu Yi Chih. O poeta recentemente naturalizado brasileiro nasceu na ilha de Taiwan, migrou para China, Hong Kong, Macau e veio morar na cidade de São Paulo no final da década de 80. O livro, publicado pela Editora Multifoco (Rio de Janeiro), é um percurso visionário pelas grandes metrópoles (TAIPEI-XANGAI-SÃO PAULO-EMBU DAS ARTES) e dialoga com as estranhas conjunções de Oriente-Ocidente. No dia haverá um bate-papo com Cláudio Willer e Chiu Yi Chih seguido do evento A poesia e a sua cidade com leituras de:
Cláudio Willer (São Paulo)
Chiu Yi Chih (Taipei/São Paulo/Embu das Artes)
Flávio Viegas Amoreira (Santos)
Marcelo Ariel (Cubatão)
José Geraldo Neres (Santo André)
Irael Luziano (Embu das Artes)
Renato Gonda (Embu das Artes)
Poetas da Associação de Escritores do Embu das Artes

 

Dia: 4 de maio de 2011, quarta-feira, a partir das 19:30

Local: CASA DAS ROSAS - Av. Paulista, 37 - Bela Vista - São Paulo

http://www.poiesis.org.br/casadasrosas/

http://philomundus.blogspot.com

Saturday, April 23, 2011

O Melhor da Festa



Do site Festipoa:

"A bela capa do poeta Márcio-André para a coletânea da FestiPoa. São mais de 70 autores no livro, quase 300 páginas de belos trabalhos. Entre os participantes estão desde Adão Iturrusgarai até Xico Sá. Está imperdível. O lançamento, com autógrafos, será no dia 01 de maio, no Pé Palito Bar. Mais detalhes em breve aqui. E Márcio-André estará com livro novo na FestiPoa, sairá pela Dulcinéia Catadora seu novo livro Cazas. Vai daqui um agradecimento ao Márcio que generosamente fez a capa do livro e ao Guilherme Moojen, artista visual, autor do projeto gráfico. A editora é a Casa Verde (Obrigado, Laís Chaffe)"

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Dia 28/04 começa a Festipoa. Desejos de ir para Porto Alegre. Estou na Antologia - O Melhor da Festa 3 - pela minha participação ano passado. Poesia Poesia Poesia.

Thursday, April 21, 2011

No Caminho com Cássio Amaral








1.



a borboleta
balança o oceano
nas asas

Li teu livro de haicais para crianças - Arco-Íris - para meu neto Arthur. Com as mãozinhas ele fazia gestos de vôo de borboletas enquanto eu lia este haicai. O nascimento do meu neto puxou o fio da minha infância e quero para ele a magia da música e da poesia. Como foi tua infância em Minas Gerais?

 
Minha infância foi perseguindo a bola, o futebol. Desde criança, de uns 4 ou 5 anos brincava de bola, gostava de futebol influenciado pelo meu pai que também sempre gostou muito de futebol. Fui um menino quieto, calmo, sem dar preocupações aos meus pais. No Ensino Fundamental fui campeão no futebol de salão, sendo da antiga 5ª a 8ª série o artilheiro, ainda tenho as medalhas que ganhei naquela época.

Além disso, sempre fui muito observador do mundo e das pessoas.

Sempre gostei de música desde pequeno também, desde muito pequeno fui ligado à música.


 
2.



de Leminski
a Rodrigo de Souza Leão
a poesia é explosão


Quando e como você deu de encontro com a Poesia?

Aos dez anos meu tio que era ator de teatro, tinha voltado para Araxá para dar um curso de teatro. Nessa época fui ao show do Oswaldo Montenegro com ele. Era época dos festivais. Em 1986 antes de entrar na escola ficávamos eu, meu primo e dois amigo ouvindo Titãs, RPM, Legião Urbana, Plebe Rude, Barão Vermelho, Cazuza, IRA, Paralamas do Sucesso, Finis Africae, Engenheiros do Hawaii, Garotos da Rua, Zero Capital Inicial, enfim ouvíamos as mais variadas bandas do Rock Nacional dos Anos 80, meu contato com a poesia veio no sentido de tentar compor letras de música. De colocar letra em música, eu na verdade queria ser compositor e montar uma banda naquela época. Por não saber tocar violão, mas tarde migrei para a poesia. Eu até em 1986 escrevi para o fã clube do Ultraje a Rigor no Rio, a resposta da carta veio com a assinatura da primeira formação da banda. Nessa época tinha um caderninho com minhas supostas letras. Com o tempo o joguei fora por não ter conseguido montar a banda e tocar algum instrumento.

Enfim, a poesia veio nas músicas politizadas e questionadoras que eu escutava nos anos 80, me considero filho da geração coca-cola, vi muitas dessas bandas tocar, bandas as quais ainda ouço. No ano de 1996 quando morei em Brasília comecei a escrever versos. E achei legal e não parei mais. Foi assim o meu contato com a poesia. Sempre ouvi muita música, desde os clássicos do Rock and Roll, Jazz, Blues e MPB. Assisti muito também FM TV um programa de clipes que passava na extinta Rede Manchete. E depois nesse período de Brasília e em Goiás conheci um amigo do meu tio que chegou a me dar aulas de poesias, dos poetas malditos franceses aos poetas brasileiros. Ele se tornou uma espécie de professor de poesia para mim, não tenho contato com ele há muito tempo.

Fernando Braga dos Santos me influenciou a escrever, me deu algumas dicas de como e o que era poesia. Digo poesia escrita. Quero ressaltar que escrevi cinco letras de músicas que nunca foram gravadas em cd, mas que foram musicadas por amigos.

 

3.



Cerebral
   Para Rodrigo de Souza Leão

 

A coisa coisando
Tudo causa
Vida pele no fatal
Gangrena no verso conciso
Os deuses dizem pegue sua lira
No labirinto da sina
Faça da passagem
Volts
Eletrodos que gingam na tua
poesia musicada
vulcão do leão
que uiva todos os cachorros azuis.


 
Quando recebi tua visita aqui em Curitiba, Rodrigo de Souza Leão ainda estava vivo. Tomando café na minha sala você contava de quando foi até o Rio de Janeiro e conheceu o Rodrigo. Agora, em Barra Velha, percebemos que o tempo não amainou o espanto diante da morte dele. Qual a importância deste poeta em tua trajetória? Quantas lições Rodrigo deixou para nós?



A importância do Rodrigo é que ele me ensinou que poeta, poesia e obra fazemos para nós mesmo, sem se importar se as pessoas vão gostar ou não. Sempre produzir e selecionar o melhor, principalmente em livro. Lembro na entrevista que fizemos com ele no Rio onde ele diz que o poema tem que ter a forma apolínea e o conteúdo dionisíaco.

Ele nos ensinou, a mim, ao Rafael Nolli e ao Ricardo Wagner na entrevista que nos concedeu que poeta é um ser que deve ser humanista, que deve fazer as pessoas pensarem, e que devemos escrever sobre nossas vidas, não existe poesia sem acreditar na vida e no contexto daquilo que vivemos. Ou seja, a crítica e a autocrítica do que acontece e de nós mesmos.

Me ensinou a não ser egóico como a maioria dos poetas são, a me defender mais desse mal dos poetas de acharem que não são reconhecidos.


 

4.



FAGULHA PARA ALICE

                   Para Alice Ruiz

o futuro
é o claro
dentro do escuro



Confesso minha dificuldade para os poemas curtos. Você, ao contrário, é intimo do haicai. A tua filosofia zen tem algo a ver com esta opção pelo haicai?



Sim, aos nove anos fiz karatê, fui até a terceira faixa apenas. Depois fiz judô, mas sempre me encantou o Japão, sua cultura e seu povo. Ministro Johrei, sou membro da Igreja Messiânica Mundial que é mantenedora do johrei, da Agricultura Natural. Hoje prefiro pensar em filosofia sim a Igreja Messiânica e o johrei, tem a ver sim com o HAIKAI porque o jorhei te leva em estado de meditação. Já li o zen, já li outras coisas do Budismo também, sempre precisei do silêncio, de estar um tempo só durante o dia. Isso me ajudou sim nos haicais e poemas curtos. Isso porque o haikai é o átimo, é captar no instante como se fosse uma fotografia. Li os mestres zen do haikai: Bashô, Issa, Busson. Enfim penso que minha filosofia me ajudou sim no sentido de interiorização para a escrita e de assim poder me expressar em três versos de forma objetiva e clara.


 

5.

Para quem os poetas escrevem?

Para o uni-VERSUS, é onde cerne, medula, leitura, devaneio, oficina de sonhos e domínio de linguagem se enquadram perfeitamente. Os poetas escrevem primeiro para eles mesmos, por ser uma função biológica quase, o cara já nasce poeta na minha opinião. E concordo com Leminski quando ele diz que a poesia é um inuntesilio, ela não serve para nada, mas é tudo. Leminski diz também que o poeta é uma espécie de sapato torto, acho isso muito pertinente também, o poeta é um ser que não tem compromissos, seu compromisso e desconstrução verbal na construção de um verso ou um poema. O poeta tira sua máscara e se mostra ao mundo nu.

Enfim, o poeta escreve para a humanidade dando a cara à tapa.



6.

Enten Katsudatsu é o título do seu blog. Sonnen, o título de um de seus livros. Fale sobre sua produção poética, publicações e planos poéticos futuros.



Bom, publiquei os livros de poesias:

LUA INSANA SOL DEMENTE -2001.

ESTRELAS CADENTES – 2003.

SEM NOME – 2005.

SONNEN – 2008

ENTEN KATSUDATSU - 2010 em E-book pela Revista Eletrônica Germina Literatura.

Sai em duas coletâneas de poesia Trilhas e Corpo e Alma em verso e prosa, organizadas pela Euza Procópio Noronha (Loba)

Tenho publicado poesia desde 2004 em blogs. Minha produção poética está no meu blog atual, onde há haikais, poemas, contos e fotos.

Penso em ler uns poemas e publicar no Youtube.

Já pensei em fazer um projeto com amigos para ir a algumas capitais para uivarmos e fazermos saraus.

Eu e Maeles minha esposa vamos publicar um livro de poesia juntos.

Ler e fazer o projeto de mestrado sobre os haikais de Olga Savary





7.

Cássio Amaral por Cássio Amaral:



Um buscador, um peregrino, um eremita, aquele que caça a si mesmo.

Místico, religioso, calmo e nervoso. Mistura de mansidão com vulcão,

Um bom amigo, às vezes muito distraído, sonhador. Um romântico incorrigível.

Uma pessoa que adora arte, cultura, música, poesia, teatro, História e filosofia.

Alguém que pensa que o simples é tudo e que busca a essência das coisas.





Cássio Amaral - Poeta, Professor de História e Filosofia. Atualmente vive em Barra Velha com sua esposa, a poeta Maeles Geisler. Para finalizar, uma poesia da Maeles.

http://cassioamaral.blogspot.com/





Moldura



    Maeles Geisler



O caminho do instante já desenhado



mil saladas temperadas a óleo e sal


corto seu vermelho


e a sede aumenta






abro os braços nos dias tardios


rezo o sono do tempo


e amanheço ao som dos pardais






respiro infância


o suor caindo do balanço


tempo raro fotografado ao sol.

Cássio Amaral


Ikebana Sanguetsu da mãe do Cássio - Dona Lourdes



I




O vento bate
As asas
Na pergunta do destino



II



As asas do passado
Brincam de criança
Na praça da inocência



III



O ikebana
Do meu quarto
É a azaléia da harmonia



IV



Toda exposição
De aquarela
É tinta fresca de arte



V



A lua reflete
Na água
Sua face de noiva



VI



O sol queima
No orvalho
A sua coroa de rei



VII



Tanto poema
Põe na cama
Gozo & Dilema


(Cássio Amaral)

Tuesday, April 19, 2011

O QUERER

Ah! Bruta Flor do Querer - (Caetano Veloso)





O Querer não tem escala de medida nem volume nem massa corpórea

O Querer é um silêncio granítico onde levita - A Imagem

O Querer reflete nas telas das manhãs – antes que os olhos se abram – Esta Imagem

O Querer não tem perguntas respostas dúvidas exclamações

O Querer traz o gozo instantâneo na evocação de um momento

O Querer!

O Querer não é amor, é primo deserdado do amor – O querer é o parente maldito

Posto que o Querer é transparente feito sêmen nebulosa raio de luar água da fonte

O Querer não maltrata como os amores dos romances do Século XVIII

Ninguém morre – Nada de cicuta naufrágios forca ou faca

Ninguém morre, só para esperar o Querer materializado – algum dia – outra vez

E só o Querer pode dizer da consagração de Corpos e Almas que ele Evoca Engendra Acende

Só o Querer traz este sorriso nos lábios à evocação da Imagem Querida

Só o Querer tem a resposta para preencher as lacunas dos lençóis das cartas dos olhares

Só o Querer – Só o Querer.



BÁRBARA LIA

MARÇO/2011

Sunday, April 17, 2011

Com Cássio e Maeles em Barra Velha






Gracias ao Cássio e a Maeles por me acolherem em sua casa. Belíssima Barra Velha. Encontro com ecos de Hilda Hilst, Fernando Pessoa. Trocas e Risadas, o mar como testemunha das belas partilhas, a poesia do Cássio que publiquei logo abaixo eu raptei de seu blog.
Poesia Sempre, Cássio!




Ponte pênsil - Muito poética!




Os barcos de Barra Velha


As gaivotas e todo o Azul



Além mar

Pessoa vê Yemanjá

Quando um pássaro canta dentro de mim

Cássio Amaral




Tem uma sereia cantando dentro de mim





 

O belo Yn e Yang da Maeles

MUSA RARA - Literatura e Adjacências


Meu querido amigo Edson Cruz com novo site - Musa Rara - breve no ar.  Celebrar a Arte com reverência. Um sopro zen no ar. A Musa vai BRILHAR. Sucesso ao novo portal. É o desejo desta musa rara.
Tudo sobre esta nova janela literária no blog do Edson - Sambaquis:

A poeta invisível


Passeando por São Chico. A noite em festa. Os dias na praia deserta, no coração o tsunami-PESSOA.
Um verso, outro verso. Cada sopro do gênio regenera um corte, acende nova luz, inaugura o dia.
Segue a Poeta ouvindo o Mestre, bebendo o sal das manhãs, a Paz é este horizonte com barcas, um rosto único debruçado em um coração antigo, a vida é, a vida é MAIS.


Não; Não digas nada!

Não: não digas nada!
Supor o que dirá
A tua boca velada
é ouvi-lo já.

É ouvi-lo melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias.

És melhor do que tu.
Não digas nada; sê!
Graça do corpo nu
Que invisível se vê

Fernando Pessoa

No cais


Corda desamarrada no cais
Mundo parti(n)do
Fico aqui - ilha ao luar
Longe de tudo
Até do mundo

Bárbara Lia / 2011

23ª Festilha - Festa de Tradições da Ilha 14 a 17 de abril 2011 - São Francisco do Sul (SC)

As barcas





10.

À beira-mar tudo se vê
Numa projecção maior...

A fantasia é mais vasta,
Embora nunca caiba
Numa flôr!

António Botto
Bagos de Prata - Antologia Poética
ed. Olavobrás

São Francisco do Sul






São Ilhas Afortunadas
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando
Mas, se vamos despertando
Cala a voz, e há só o mar.
FERNANDO PESSOA
in Mensagem

Thursday, April 14, 2011

O céu de cada um

*

Dizem que o céu é tal qual a gente imagina. Não vou dividir o meu céu ao vivo, ele é muito escandaloso. Alguém sabe o meu Segredo e o Cenário Meu. Um céu! O que sei é que a minha antiga visão de Céu evaporou com a certeza de que uma Ilha deserta é bom pra reabastecer o espírito. A Eternidade é outra história. Antes da viagem eu vi Hereafter. Difícil gostar de um filme americano. Gostei deste, tem final feliz. Final Feliz sem ser piegas. Cada vez que escrevo um romance eu coloco um final feliz, depois vou até o final e desconstruo. Dei um final feliz pra Lyn, em Constelação de Ossos, depois eu a matei. Na minha cabeça eu a matei, alguns lêem o livro e dizem que ela não morreu. Acho que a Literatura é este Mistério de MUITOS ESCREVENDO uma mesma história e o escritor é só o MAESTRO regendo as notas (palavras)...
Ano passado escrevi um livro, e o final feliz eu apaguei. Borrei tudo. Deixei tudo nublado de céu de tempestade. Quem faz ARTE não está nessa para explicar coisa alguma, nem para ajudar ninguém a ser Feliz. È o que eu penso, pele ardendo de sal, em uma lanhouse lerda que faz lembrar o tempo que a Internet era movida a carvão...
Fotografei barcos e ondas.
Adormeci no silêncio de um lugar.
Li Poesias e agora estou aqui.
Tem um pássaro cantando na árvore estancada diante desta porta.
Vou parar com tudo isto e vou pedir para ele me ensinar seu idioma.
Vou dizer para ele fazer um Poema para mim.

Dias lerdos sem tempo para Net.

Qualquer dia eu volto.

Wednesday, April 13, 2011

Em Ubatuba, por enquanto...

foto da minha sobrinha - Janaina Berbel - Ubatuba, São Francisco do Sul (SC)

Monday, April 04, 2011

nadando em luz

Sábado fiquei irada, no real sentido, com um programa que vi na Globo News (Espaço Aberto Literatura). Não gravei o nome do autor que escreveu uma biografia (?) de Fernando Pessoa. Preocupado em compor um retrato da pessoa do Pessoa e não da obra. Acho muito pequeno isto. Desqualificar um mito (como se isto fosse possível) Imaginação? Poesia está aquém e além do Imaginário. Está em um lugar que não se nomina.É Mistério. Caramba. E o que ele detrata é justamente o que há de mais potente na Obra do Pessoa - Extrair POESIA das pedras da rua, da tabacaria, da chuva oblíqua, de um menino jesus raptado do céu, do mar salgado, do Tejo e da rotina de um escritório. Não quero entrar em detalhes, tá na mídia este novo livro. Se quer sair na mídia basta criticar um grande autor. Criar polêmica. Mas, por conta desta minha ira instantânea agora estou nadando em luz. O rito contrário. Jogar luz em, ao invés de demolir. Surgiu um novo tema, um enredo interessante que tem a ver com Pessoa. Fernando Pessoa, é claro que só podia ser ele, o poeta que vou escrever em prosa. Já escrevi poesia para tantos poetas. Para os consagrados que me abalaram, para os que estão nesta estrada e que eu amei. Para tanta gente, e Pessoa ficou ali esperando. Dei de encontro com ele, com eles todos (o poeta múltiplo) e estou assim - nadando em luz...
Quem escrevia por vingança mesmo? Não lembro.
Vou escrever um livro por vingança.
Para não fugir pelos poros o tsunami lírico que me invade, vou dar uma trégua e vou pra uma praia. Preciso um lugar. Preciso silêncio.
Uma trégua no blog. Preciso.


Um lembrete:

Amanhã ( 05/04 ) é o último dia para quem deseja participar do concurso do Site O Bule - que vai sortear um exemplar do meu romance Constelação de Ossos:




Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está
Se for assim, assim será...
(Fernando Brant / Milton Nascimento)


A poesia segue em uma direção que eu acho a essencial. A mais bonita. Esta de partilha. Em projetos nas escolas que vão acontecer a partir de maio.
Um convite para ir a Adamantina e levar meus artesanais. Isto tudo está sendo traçado pela Kátia Torres, em um projeto que breve publico aqui.
Outro convite da Luciane Heleno pra apresentar poesias para os alunos dela. Muito especial isto. Já dei oficina dentro do Projeto Formando o Cidadão. Os meninos amam poesia, quem disser o contrário não entende nada de Poesia nem de meninos.
E breve vou ter mais detalhes do projeto da Maria Zèlia Lopes - professora de Assaí - que descobriu que existe uma Poeta que nasceu lá. E vou pra minha terra dentro de um Projeto de Leitura. Vai ser emocionante e especial. A cidade onde nasci.
2011 enriquece com esta palavra - partilha.
Esta viagem / livro ao lado do POETA - Pessoa.
Com o nascimento/publicação do livro - Tem um pássaro cantando dentro de mim.

Saturday, April 02, 2011

POESIA - TEM UM PÁSSARO CANTANDO DENTRO DE MIM

Tem um pássaro cantando dentro de mim / Bárbara Lia:



GIZ RENDADO




O que a onda diz
ao cão sentado
babando moluscos
e saudades?
Como rasgar a onda
sem cicatrizar em azul?
Beber a ardência seminal
de amantes afogados
como quem engole
segredos guardados
entre debruns
de ondas
em seu giz rendado




DECRETO:




Proibido derrubar
qualquer árvore

(exceto para
construir
berços
e violinos)







DOS ENGANOS




Nem percebi e era o fim da trilha

Não me adiantei com fogo e coberta
e já se fazia noite

Não enchi o cantil na fonte
e era só deserto

O jasmim plantado floresceu em cacto

Acreditei na letra da canção
e era falsa a tradução

Segui a estrela e estrela não era
- era o farol da última ilha
a iluminar o inferno


 
- Tem um pássaro cantando dentro de mim - novo livros de poesias, quem o desejar entrar em contato com o email barbaralia@gmail.com

POESIA: A ÚLTIMA CHUVA




A Última Chuva / Bárbara Lia:


**


A chuva baila cinza na vidraça
que abre a cidade e
as cicatrizes de concreto.
No mundo não há quem leve,
como eu, este solar crepitar na alma.




LAYLA



calçadas molhadas
- uma lâmpada grávida
estremecida de sol
pequeno -
a lembrar
que ainda é verde o trigo.
florirá
amanhã
em sol granulado,
farpas de doçura,
sempre.



DESDÊMONA


Olhou-me como nuvem,
a sugar os vapores
da minha alma.
Por que ele é meu deus,
guardei-o em um lago
onde Iago
jamais chegará.

A ùltima chuva - Livrarias Curitiba

POESIA - O SAL DAS ROSAS



O sal das rosas / Bárbara Lia:



Espelho liquidificador

marca com lápis sanguíneo
o tempo em minha face.
Ecos do acorde da apocalíptica caveira
invadem a aurora.
Cansei das noites solitárias e este cenário
de lua & estrelas.
Planto sementes de lua
esperando um céu do avesso:
Mínimas luas: crescentes, minguantes, cheias.
- bilhares, multicores.
E uma estrela - azulada imensa -
a bailar no cobalto-quase-negro
das minhas noites solitárias.



KAMIKAZES


Doze kamikazes

arrastam a delicada açucena.

Doze kamikazes.
As lágrimas descem
feito fontes.

Nenhuma música
de anjos sonoros,
nenhuma.


Nas nuvens que passeiam,
exausto de tédio, atira longe
o grão da maldade – o dragão da guerra.

 
 


PULMÃO DE DEUS




Sussurro suave ao redor, nuvem
de seda embalando astros.
Aqui, onde respira a vida,

perfume de malva, silêncio de córrego
entre pedras. Ar lúcido de luz.




LUZES DE MARFIM



Agora a poesia segue.
É só o que me segue, afinal.
Sentidos de sol.
Primaveras de cerejas.

A tarde tocando teus cabelos
brisa ao redor - teu lábio.
Aquele beijo paterno
na testa menina.

Vôos meus que seguiam borboletas.
As belas horas tatuadas no espírito
liberto do grito inútil.


Fixado no etéreo, os sonhos
flanando quimeras em asas de seda,
o infinito aplaudindo em luzes de marfim



O sal das rosas - à venda na Livraria Cultura

Thursday, March 31, 2011

Frei Betto & Marcelo Gleiser




Cada livro que o Betto lança ele me envia com uma carinhosa dedicatória - Belas surpresas! 
Nossa correspondência esparsa é feita de recados e de cartões trocados e não sei qual o projeto ao qual ele se dedica e quando menos espero cai um livro diante de mim e me surpreendo com estes presentes raros chegando sem aviso. Quando ele leu minha - Ode ao Silêncio - confessou seu desejo de escrever um romance sobre o silêncio. Nossas trocas esparsas por conta de nossas vidas não impede que a cada livro meu e do Betto o correio aporte e traga aquela alegria antiga, método poético, correspondência.  Minha vida de poeta/avó/mulher é muito louca, não tão atarefada e plena de viagens e encontros como a do Betto. Bem mais de uma década daquela  manhã que enviei uma carta ao Betto, começo a me acostumar a chamá-lo apenas Betto. E ontem fiquei realmente feliz quando recebi este livro. Passei o dia tentando devorar 334 páginas em um relance. Não consegui.  O livro exige tempo e o belo silêncio, para mergulhar pensamentos e estrelas. O tema é profundo e os que se sentaram em um lugar em Teresópolis para este debate carregam uma carga de conhecimento que merece o carinho de fonte da Vida -  beber lentamente. Água da Fonte, a mais pura Fonte. Fascinada com Marcelo Gleiser, por não conhecer tanto a sua trajetória pessoal. Fascinada por amar as Estrelas com loucura. Fascinada com este debate entre Fé e Ciência. Os dois vão de Adão e Eva ( início da vida humana na Terra ) ao longinquo instante em que a Via Láctea vai colidir com Andrômeda. Uma viagem pela Infância de um Frei Dominicano Escritor e um Físico Brasileiro Agnóstico. A presença da fé judaica na vida de Marcelo Gleiser. A vida de Frei Betto permeada de luta. A conversa com Waldemar Falcão - Músico, Astrólogo e Escritor. Publicação da Editora Agir.

"Hoje no insconsciente coletivo há um antagonismo entre ciência e religião. Isso porque se supõe que a religião é o reino do dogma, da certeza absoluta, e a ciência, o reino da dúvida, da incerteza absoluta ( como fator positivo ). Ora, que a ciência seja o reino da dúvida ninguém pode questionar; todo cientista é alguém que -- para usar uma expressão da moda -- quer conhecer a mente de Deus." FREI BETTO

"Quando você acredita num Criador que é onipotente e onipresente, para penetrar na Sua mente, você tem que transcender sua dimensão humana. Isso pode ser tanto através da fé, ou até mesmo da ciência, se o cientista acredita nessa metáfora que quanto mais a gente entende o mundo, mais a gente entende a mente de Deus. No fundo, ambas, a fé e a ciência, estão servindo como um veículo de transcendência da condição humana, de ir além, de explorar uma dimensão desconhecida." MARCELO GLEISER


Tuesday, March 29, 2011

Constelação de Ossos / O Bule









Será sorteado 1 (um) exemplar de Constelação de Ossos - pelo site:
O Bule - Projeto Coletivo de Literatura.
Para saber as condições do sorteio acessar o Site:

http://www.o-bule.com/2011/03/constelacao-de-ossos-de-barbara-lia.html
A inscrição vai até 05 de abril.


(..)

Um nó na garganta e o desejo de romper os véus, derramar meu passado inteiro naquele infinito. Dizer de cada dia que acordei sozinha entre o cheiro de urina e outros meninos de rua, dizer de cada homem que me tomou como se eu fosse um pedaço de nada e satisfez a sanha e saiu na noite atirando cem reais na mesa da sala. Quis dizer e ao mesmo tempo tive a certeza de que alguns segredos são segredos para sempre, eu acreditava nisto, contestando a própria Bíblia. Um eco de uma fala da infância. Os sermões vibrantes do Padre Chico, naquelas missas em que minha mão suava segurando a mão da mãe e que o cheiro de velas rescendia pela igreja pequena. A âmbula reluzente que o padre tirava do sacrário e o som da sineta estridente. A fumaça negra que espargia quando o coroinha sacudia o turíbulo. O silêncio na hora de ajoelhar-se e a sacralidade em cada objeto – no cálice, na patena, na hóstia, nos castiçais. Naquele tempo eu ouvia e guardava fragmentos da Palavra, pesavam mais que chumbo em minhas lembranças.

Não há nada oculto que não seja um dia desvendado.

Meu pensamento no outrora e as mãos de Igor recolhendo o agora. Sonhando um lençol de estrelas para sua amada misteriosa. Tivestes um segredo? Destes que podem fazer seu mundo desmoronar em um segundo? Tivestes que esconder o passado entre as dobras da tua camisa? Guardá-lo entre as rendas da tua roupa íntima? Tivestes um segredo? Tens? Diz-me como traduzir meu passado sem espantar o mel da alma de Igor?
 
Constelação de Ossos
p.73

La nave va...

Uma Entrevista na Revista Arte Cítrica n°3

  Na página 94 uma entrevista sobre minha vida de poeta na bela edição da Revista Arte Cítrica nº 3: https://drive.google.com/file/d/1PPTZT6...